terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Maravilhas do Alentejo

O Ti Zé Chaparro, aproveitando a viagem a Mértola, foi ao médico fazer um 'xécápi'. Pergunta o médico:

- Sr. José, o senhor está em muito boa forma para os seus 40 anos.
- E eu disse ter 40 anos?
- Quantos anos é que o senhor tem?
- Fiz 57 em Maio que passou.
- Não diga! E quantos anos tinha o seu pai quando morreu?
- E eu disse que o meu pai morreu?
- Oh, desculpe! Quantos anos tem o seu pai?
- O velho tem 81.
- 81? Que bom! E quantos anos tinha o seu avô quando morreu?
- E eu disse que ele morreu?
- Sinto muito. E quantos anos é que ele tem?
- 103, e ainda anda todos os dias de bicicleta.
- Fico feliz em saber isso. E o seu bisavô? Morreu de quê?
- E eu disse que ele tinha morrido? Ele está com 124 e vai casar na próxima semana, doutor.
- Agora já é demais! - Diz o médico revoltado! - Por que é que um homem de 124 anos iria querer casar?
- E eu disse que ele se QUERIA casar? Queria nada; ele engravidou a moça!... Agora tem que ser!

Enviado por Pepe Nieves / Isabel Topa

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Maitê Proença num vídeo filmado em Portugal para o programa "Saia Justa" do GNT



E aqui o pedido de desculpa

Emigração portuguesa

Portugal tem emigrantes em 140 dos 190 países do mundo
03.09.2009 - 16h50 Lusa

Portugal tem emigrantes em 140 dos 190 países do mundo, sendo França a nação que concentra mais portugueses e Santa Lúcia ou ilhas Maurícias os Estados que registam menos emigrantes, revelam dados do Observatório da Emigração.

Segundo os primeiros dados disponíveis no site do Observatório da Emigração (www.observatorioemigracao.secomunidades.pt) que hoje foram disponibilizados online, residem em França 567 mil portugueses nascidos em Portugal, enquanto em países como Santa Lúcia ou ilhas Maurícias existem menos de 50 emigrantes portugueses.

Os dados do Observatório da Emigração, que nesta fase não reflectem ainda a realidade dos luso-decendentes, revelam ainda que os destinos da emigração portuguesa que mais cresceram nos últimos anos foram Espanha, Reino Unido e Angola. Em Espanha, o número de emigrantes portugueses quase duplicou passando de 71 mil em 2004 para 136 mil em 2008, enquanto no Reino Unido passou de 68 mil para 77 mil e em Angola de 17 mil em 2006 para 23 mil em 2008.

Um movimento traduzido também no crescimento das remessas de dinheiro para Portugal, que no caso de Angola subiram na ordem dos 40 por cento, de 20 mil euros para 70 mil euros em dois anos. Nesta primeira fase, o Observatório da Emigração reúne dados recolhidos junto dos organismos de estatística nos vários países, com as inscrições consulares e dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), numa tentativa de quantificar o número de emigrantes portugueses no mundo.

O site disponibiliza ainda informação sobre associações portuguesas no estrangeiro, uma base de dados dos estudos sobre emigração portuguesa e, mensalmente, uma entrevista com um investigador com trabalho nesta área.

"A página entrou online com informação sobre os 140 países onde há portugueses. A prioridade foi organizar este instrumento e através dele identificar esta rede de representação de Portugal no mundo por via dos seus emigrantes e depois de termos esta rede disponível avançar para um trabalho mais sistematizado de estudo e caracterização da comunidade", disse o secretário de Estado das Comunidades durante o lançamento do site.

António Braga adiantou que com os dados disponíveis não é ainda possível validar a estimativa de 4,5 ou 5 milhões de portugueses tradicionalmente apontada por entidades oficias de especialistas na área da emigração, sublinhado que falta "identificar a zona de penumbra" que constituem os luso-descendentes.

"O número global dos portugueses lá fora tem que levar em linha de conta a perspectiva dos nascidos em Portugal mas temos que somar ainda os que já nasceram lá fora e cujo apuramento é mais difícil, uma vez que se confundem com as nacionalidades", justificou.

Analisando os dados, António Braga destacou a disparidade entre os números apontados para a África do Sul e os apurados pelo Observatório. "Na África do Sul são menos do que achávamos. A disparidade é muito grande. Falava-se em 500 mil ou 600 mil emigrantes e, segundo estes dados, na melhor das projecções são 200 mil", disse.

O Observatório da Emigração resulta de uma parceria entre a Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas e do Instituto Superior das Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE).

Ler no Público

Ver observatório da emigração

Nova emigração portuguesa

Esta reportagem passou na SIC com o nome Prelúdio do Mar Distante:

1ª parte


2ª parte

terça-feira, 13 de outubro de 2009

"Portugal Genial", Carlos Coelho


Será o nosso país uma marca? Segundo Carlos Coelho, a construção da marca de um país decorre de uma promoção cuidada e delicada da realidade concreta das suas "National Equities" (História, cultura, geografia, desporto, ciência, economia, entre outras) e das sias "private equities" (empresas e iniciativas privadas).
Pequenos textos sobre riquezas nacionais como o Pastel de Belém, o Cavalo Lusitano, o Galo de Barcelos, ajudam-nos a relembrar o que temos de único. Em simultâneo, Carlos Coelho presta homenagem a várias personalidades, como Carlos Paredes, Mariza e José Mourinho.

No início do livro, algumas páginas negras fazem o luto pelos aspectos menos positivos do nosso país, não sem denunciar os pequenos defeitos que, no seu entender, travam o progresso de Portugal, "país que sempre se sentiu universal por dentro, insignificante e marginalizado por fora".

domingo, 20 de setembro de 2009

Esta noite sonhei com Mário Lino

Miguel Sousa Tavares, no Expresso

Segunda-feira passada, a meio da tarde, faço a A-6, em direcção a Espanha e na companhia de uma amiga estrangeira; quarta-feira de manhã, refaço o mesmo percurso, em sentido inverso, rumo a Lisboa. Tanto para lá como para cá, é uma auto-estrada luxuosa e fantasma. Em contrapartida, numa breve incursão pela estrada nacional, entre Arraiolos e Borba, vamos encontrar um trânsito cerrado, composto esmagadoramente por camiões de mercadorias espanhóis. Vinda de um país onde as auto-estradas estão sempre cheias, ela está espantada com o que vê:
- É sempre assim, esta auto-estrada?
- Assim, como?
- Deserta, magnífica, sem trânsito?
- É, é sempre assim.
- Todos os dias?
- Todos, menos ao domingo, que sempre tem mais gente.
- Mas, se não há trânsito, porque a fizeram?
- Porque havia dinheiro para gastar dos Fundos Europeus, e porque diziam que o desenvolvimento era isto.
- E têm mais auto-estradas destas?
- Várias e ainda temos outras em construção: só de Lisboa para o Porto, vamos ficar com três. Entre S. Paulo e o Rio de Janeiro, por exemplo, não há nenhuma: só uns quilómetros à saída de S. Paulo e outros à chegada ao Rio. Nós vamos ter três entre o Porto e Lisboa: é a aposta no automóvel, na poupança de energia, nos acordos de Quioto, etc. - respondi, rindo-me.
- E, já agora, porque é que a auto-estrada está deserta e a estrada nacional está cheia de camiões?
- Porque assim não pagam portagem.
- E porque são quase todos espanhóis?
- Vêm trazer-nos comida.
- Mas vocês não têm agricultura?
- Não: a Europa paga-nos para não ter. E os nossos agricultores dizem que produzir não é rentável.
- Mas para os espanhóis é?
- Pelos vistos...
Ela ficou a pensar um pouco e voltou à carga:
- Mas porque não investem antes no comboio?
- Investimos, mas não resultou.
- Não resultou, como?
- Houve aí uns experts que gastaram uma fortuna a modernizar a linha Lisboa-Porto, com comboios pendulares e tudo, mas não resultou.
- Mas porquê?
- Olha, é assim: a maior parte do tempo, o comboio não 'pendula'; e, quando 'pendula', enjoa de morte. Não há sinal de telemóvel nem Internet, não há restaurante, há apenas um bar infecto e, de facto, o único sinal de 'modernidade' foi proibirem de fumar em qualquer espaço do comboio. Por isso, as pessoas preferem ir de carro e a companhia ferroviária do Estado perde centenas de milhões todos os anos.
- E gastaram nisso uma fortuna?
- Gastámos. E a única coisa que se conseguiu foi tirar 25 minutos às três horas e meia que demorava a viagem há cinquenta anos...
- Estás a brincar comigo!
- Não, estou a falar a sério!
- E o que fizeram a esses incompetentes?
- Nada. Ou melhor, agora vão dar-lhes uma nova oportunidade, que é encherem o país de TGV: Porto-Lisboa, Porto-Vigo, Madrid-Lisboa... e ainda há umas ameaças de fazerem outro no Algarve e outro no Centro.
- Mas que tamanho tem Portugal, de cima a baixo?
- Do ponto mais a norte ao ponto mais a sul, 561 km.
Ela ficou a olhar para mim, sem saber se era para acreditar ou não.
- Mas, ao menos, o TGV vai directo de Lisboa ao Porto?
- Não, pára em várias estações: de cima para baixo e se a memória não me falha, pára em Aveiro, para os compensar por não arrancarmos já com o TGV deles para Salamanca; depois, pára em Coimbra para não ofender o prof. Vital Moreira, que é muito importante lá; a seguir, pára numa aldeia chamada Ota, para os compensar por não terem feito lá o novo aeroporto de Lisboa; depois, pára em Alcochete, a sul de Lisboa, onde ficará o futuro aeroporto; e, finalmente, pára em Lisboa, em duas estações.
- Como: então o TGV vem do Norte, ultrapassa Lisboa pelo sul, e depois volta para trás e entra em Lisboa?
- Isso mesmo.
- E como entra em Lisboa?
- Por uma nova ponte que vão fazer.
- Uma ponte ferroviária?
- E rodoviária também: vai trazer mais uns vinte ou trinta mil carros todos os dias para Lisboa.
- Mas isso é o caos, Lisboa já está congestionada de carros!
- Pois é.
- E, então?
- Então, nada. São os especialistas que decidiram assim.
Ela ficou pensativa outra vez. Manifestamente, o assunto estava a fasciná-la.
- E, desculpa lá, esse TGV para Madrid vai ter passageiros? Se a auto-estrada está deserta...
- Não, não vai ter.
- Não vai? Então, vai ser uma ruína!
- Não, é preciso distinguir: para as empresas que o vão construir e para os bancos que o vão capitalizar, vai ser um negócio fantástico! A exploração é que vai ser uma ruína - aliás, já admitida pelo Governo - porque, de facto, nem os especialistas conseguem encontrar passageiros que cheguem para o justificar.
- E quem paga os prejuízos da exploração: as empresas construtoras?
- Naaaão! Quem paga são os contribuintes! Aqui a regra é essa!
- E vocês não despedem o Governo?
- Talvez, mas não serve de muito: quem assinou os acordos para o TGV com Espanha foi a oposição, quando era governo...
- Que país o vosso! Mas qual é o argumento dos governos para fazerem um TGV que já sabem que vai perder dinheiro?
- Dizem que não podemos ficar fora da Rede Europeia de Alta Velocidade.
- O que é isso? Ir em TGV de Lisboa a Helsínquia?
- A Helsínquia, não, porque os países escandinavos não têm TGV.
- Como? Então, os países mais evoluídos da Europa não têm TGV e vocês têm de ter?
- É, dizem que assim entramos mais depressa na modernidade.
Fizemos mais uns quilómetros de deserto rodoviário de luxo, até que ela pareceu lembrar-se de qualquer coisa que tinha ficado para trás:
- E esse novo aeroporto de que falaste, é o quê?
- O novo aeroporto internacional de Lisboa, do lado de lá do rio e a uns 50 quilómetros de Lisboa.
- Mas vocês vão fechar este aeroporto que é um luxo, quase no centro da cidade, e fazer um novo?
- É isso mesmo. Dizem que este está saturado.
- Não me pareceu nada...
- Porque não está: cada vez tem menos voos e só este ano a TAP vai cancelar cerca de 20.000. O que está a crescer são os voos das low-cost, que, aliás, estão a liquidar a TAP.
- Mas, então, porque não fazem como se faz em todo o lado, que é deixar as companhias de linha no aeroporto principal e chutar as low-cost para um pequeno aeroporto de periferia? Não têm nenhum disponível?
- Temos vários. Mas os especialistas dizem que o novo aeroporto vai ser um hub ibérico, fazendo a trasfega de todos os voos da América do Sul para a Europa: um sucesso garantido.
- E tu acreditas nisso?
- Eu acredito em tudo e não acredito em nada. Olha ali ao fundo: sabes o que é aquilo?
- Um lago enorme! Extraordinário!
- Não: é a barragem de Alqueva, a maior da Europa.
- Ena! Deve produzir energia para meio país!
- Praticamente zero.
- A sério? Mas, ao menos, não vos faltará água para beber!
- A água não é potável: já vem contaminada de Espanha.
- Já não sei se estás a gozar comigo ou não, mas, se não serve para beber, serve para regar - ou nem isso?
- Servir, serve, mas vai demorar vinte ou mais anos até instalarem o perímetro de rega, porque, como te disse, aqui acredita-se que a agricultura não tem futuro: antes, porque não havia água; agora, porque há água a mais.
- Estás a dizer-me que fizeram a maior barragem da Europa e não serve para nada?
- Vai servir para regar campos de golfe e urbanizações turísticas, que é o que nós fazemos mais e melhor.
Apesar do sol de frente, impiedoso, ela tirou os óculos escuros e virou-se para me olhar bem de frente:
- Desculpa lá a última pergunta: vocês são doidos ou são ricos?
- Antes, éramos só doidos e fizemos algumas coisas notáveis por esse mundo fora; depois, disseram-nos que afinal éramos ricos e desatámos a fazer todas as asneiras possíveis cá dentro; em breve, voltaremos a ser pobres e enlouqueceremos de vez.
Ela voltou a colocar os óculos de sol e a recostar-se para trás no assento. E suspirou:
- Bem, uma coisa posso dizer: há poucos países tão agradáveis para viajar como Portugal! Olha-me só para esta auto-estrada sem ninguém!

Comprava-se na Rua Sampaio Bruno - Porto